sábado, 28 de abril de 2012

A 28 de Abril de 1855


«José Vital Branco Malhoa nasceu em 28 de Abril de 1855, na Travessa de S. Sebastião naquela que era, à época, a Vila das Caldas da Rainha. De origem social modesta, foi o terceiro [1] filho de Ana Clemência e Joaquim Malhoa, abegão de ofício. Os sinos da igreja de Nossa Senhora do Pópulo repicaram no dia 15 de Maio quando foi baptizado. Bem fadado por madrinha notável, o próprio orago do templo, teve por padrinho o abastado lavrador e patrão de seu pai, José Sales Henriques. (…)

            (…) Aos 12 anos, sabendo ler, escrever e contar, tudo o que era preciso para dar entrada [na Academia de Belas–Artes], Malhoa iniciou o seu percurso. O carácter vitalista que se ia formando não o fadou para uma boa classificação inicial. O professor da Cadeira de Desenho de Ornato desesperava ao registar: «pouca aplicação, pouco aproveitamento e comportamento péssimo»… Porém, esta conduta rapidamente melhorou: segundo o seu testemunho pessoal, conseguiu o primeiro prémio em todos os anos e concluiu o curso de pintura com elevada classificação. Talvez «porque grande, muito grande é a força do desenho», no dizer de Francisco de Holanda, Malhoa manifestou uma paixão particular pelas aulas de pintura de Paisagem e de Desenho. De resto, os magníficos traços que deixou, expressam a importância que até ao fim da vida atribuiu a este saber (…)»

Sandra Leandro, in José Malhoa, Arting, 2008. pp. 33, 34.


Como se percebe, fazem hoje 157 anos que nasceu Malhoa. Sobre este assunto, já quase tudo foi dito. E, por isso, mais vale copiar uma prosa decente.
A acrescentar só o Retrato de Minha Mãe, 1872, onde o jovem Malhoa, então com 17 anos, retrata Ana Clemência. Desenho a carvão, com 30x23, ainda tímido de traço, mas que o Artista sempre guardou zelosamente e cujo destino, a par do «retrato da minha falecida mulher», deixa bem determinado.

Fica, assinalando a data e o nascimento do nosso amigo.







Ainda do jovem Malhoa, mais dois desenhos, também a carvão, trabalhos escolares que ilustram, de outro modo, o que antes foi escrito.
Uma paisagem de 1870 – aos 15 anos portanto – com 43x29.



E um desenho de modelo (ou será de Ornato?), 61x47, com uma indicação curiosa, a lápis e sob a assinatura: «prova d’exame 1º (?) anno / escola de Bellas Artes». A assim ser, anterior àquela última data.










Por fim, dois retratos do Malhoa rapaz.
Uma foto tirada no «Loureiro, C. Ourique 10», talvez a mais antiga que se conheça.















E um medalhão em gesso, 31x23, datado de 1874, de João Rodrigues Vieira, outro dos do Leão, ao tempo ainda Escultor,  que tudo indica retrate José Malhoa aos 19 anos.



28 Abr. 2012. LBG.


[1]  Na verdade, o quinto filho. 
À data do escrito, a própria Autora refere já a existência, para além do mais velho e conhecido irmão Joaquim, das duas irmãs que acompanharam Malhoa durante largos anos da sua vida – Maria Rita, desde cedo, e Maria José, após ter ficado viúva (ver nota 3, p.116, op. cit.). 
Desconhecia-se contudo a sequência exacta do nascimento dos irmãos Malhoa.
Entretanto, numa conferência proferida no Museu José Malhoa, em 26 Abr. 2015, o Dr. Rui Calisto trouxe novos contributos a este assunto: desvendou a existência de um quinto irmão, de seu nome João (1848-1859), falecido aos onze anos de idade (quando o pequenino José Malhoa tinha apenas quatro, portanto); e revelou as datas de nascimento de todos os outros. Percebe-se agora, graças a este contributo, que José Malhoa terá sido o quinto e último filho de Joaquim Malhoa e Ana Clemência.
Assim, e ainda sem absoluta certeza quanto a algumas das datas de falecimento (acrescentos já de minha responsabilidade), fica a lista sequêncial dos cinco os irmãos: Joaquim (1845-c.1917), João (1848- ? ), Maria Rita (1851-c.1925), Maria José (1853-1936) e José Vital (1855-1933).

Jun.2015. LBG.

(Rectificação e adenda à nota anterior.)
Como tenho o defeito de não acreditar em tudo o que me dizem, fui verificar. E às fontes primárias, isto é aos Registos Paroquiais...
Depois de muito procurar, mas debalde, nos registos da freguesia do Coto (que ouvi anunciada como a de origem dos mais velhos irmãos Malhoa - ou será que sonhei?), resolvi voltar aos registos da freguesia de Nª Sª do Pópulo. E, afinal, estão lá todos! 
São todos os cinco irmãos naturais e baptizados na dita freguesia de Nª Sª do Pópulo. Tal como o era a mãe, Ana Clemência (ou também, noutro registo, «Anna Maria»). E também nesta mesma freguesia «foram recebidos» (casaram) Joaquim Malhoa e Ana Clemência. 
Da freguesia do Coto, apenas era originário o pai, Joaquim Malhoa.
Não tem por isso qualquer sentido o entendimento (que terei ouvido, ou apenas sonhado?) segundo o qual, só pouco antes do nascimento de José, a família se havia mudado para a freguesia mais urbana da então vila das Caldas da Rainha. Segundo os Registos consultados, pelo menos desde 1844, presumivelmente a data do matrimónio de Joaquim e Ana Clemência Malhoa (o casamento realizou-se em 23 Dez.1844), a famíia era freguesa de Nª Sª do Pópulo.
Quanto à profissão do pai de Malhoa, «abegão de ofício» - conforme é uso atribuir pelo menos desde o escrito por A. Montez em 1950 - os registos são absolutamente omissos. 
Já em relação ao personagem «José Sales Henriques», padrinho de José Malhoa, «abastado lavrador e patrão de seu pai», surge efectivamente mencionado como o padrinho do acto e antecedido de um inusitado «Illm.º Snr. Jose Salles Henrique» (sem o 's' final). Seria, assim, pessoa de um certo respeito. Se «abastado», «lavrador», ou «patrão do pai», nada o confirma. Teremos, nisso, de continuar a dar por bom o escrito de Montez...
Curiosa e aparentemente, o mesmo personagem (embora grafado de diferentes modos) participou antes nos baptismos das duas irmãs de Malhoa. Em 4.3.1851, é padrinho de Maria (Rita), aparecendo registado como «José Joaquim de Salles Henriques». E, em 30.1.1853, no baptismo de Maria (José), é «José Henrique Salles» quem representa Nª Sª do Pópulo, a Madrinha, «tocando com as suas contas» a baptizada.
Por fim, e já agora, fica também o registo dos avós paternos - João Francisco Malhoa e Bernardina Maria - e maternos - João Moreira Branco e Maria Clemência.

(Eu, por mim, continuarei professo a S. Tomé...)

Abr.2016. LBG.

(Adenda à adenda e às duas notas anteriores)
Ao fim de três anos, finalmente, foi editado em livro o conteúdo da comunicação referida na nota inicial.
Lido o livro com toda a atenção, foi possível perceber duas coisas: 
1º. Que aquilo que referi, anterior e eufemisticamente, como tendo «sonhado», por não ter a certeza de ter sido ou não proferido no tal colóquio (fora então apenas percebido de ouvido) foi-o efectivamente. E infelizmente, sublinhe-se. Porque, como demostro aqui (e como, aliás, já referia na adenda de Abr.2016) tal não passa de um completo disparate.
2º. Que a pretensa data da morte do tal irmão de JMalhoa, o até então desconhecido João, não passa também de outro perfeito disparate. Como explico igualmente aqui.
Assim, mantendo (para memória futura) o que antes foi publicado, opto por assinalar claramente o que então escrevi de errado. E as emendas agora efectuadas.
Por conseguinte, as datas biográficas relativas a João Malhoa, o segundo filho do casal Ana e Joaquim Malhoa, devem, correctamente e até futura investigação credível, ser assinaladas deste modo: Joâo Branco Malhoa (1848 - ? )Isto porque, na verdade e até agora, ninguém saberá quando ele terá realmente falecido. 
E peço desculpa pelo engano, por ter acreditado levianamente em quem, pelo visto, não merecia grande crédito.

15 Set.2018. LBG.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tomar a quatro mãos

dois quadros de Simões d’Almeida (tio) e Malhoa



Encontrei muito recentemente estas imagens de duas pinturas a óleo. Achei que valia a pena partilhar e chamar a atenção para elas.
Ao contrário do que agora é costume, em que se compara, a torto e a direito, a propósito e a despropósito, tudo e mais alguma coisa, a comparação aqui é evidente. Trata-se de dois quadrinhos com tomadas de vista muito semelhantes, datados do mesmo ano, pintados por dois grandes amigos – ex-mestre e ex-aluno – um Escultor, outro Pintor. Quem sabe se pintados a par, ao mesmo tempo, na mesma jornada ar-livrista…?! 
Peço desde já desculpa por não verem aqui uma dúzia, um par, ou sequer uma só personagem a tocar viola, agarrada a uma guitarra ou outro instrumento de cordas – isso é que era!... Mas não temos.
Por hoje, só paisagem naturalista, da primeira, ainda do tempo do Grupo do Leão.
Ambas as imagens foram encontradas em catálogos de leiloeiras já antigos. Os dados das obras são os ali indicados, e as fotos são o que são.

Sobre a pintura de José Simões d’Almeida Júnior (1844-1926), intitulada no tal catálogo «Vista de rio com arvoredo e casario», lemos que é um «óleo sobre cartão prensado, assinada e datada, 1887 (com dedicatória no verso)», infelizmente não nos são dadas as dimensões da obra.

Já o quadro de José Malhoa (1855-1933) é ali intitulado «Vista de aldeia à beira rio», dizem-nos que é um «óleo sobre madeira, assinado e datado, 1887», com 15x24 cm, e indicam ainda que «figurou na grande exposição do pintor, em 1928».
(Esta última indicação é duvidosa - numa rápida verificação, não o encontro. Mas não é isso que agora interessa…1)

Poucas dúvidas haverá que ambas registam o mesmo – o Nabão em Tomar – com uma ligeira diferença nas tomadas de vista – daí a possibilidade de haverem sido feitas a par, um colocado mais à esquerda que o outro – mas com uma interpretação e leitura bem diferentes do real. Do registo das silhuetas, ao tratamento dos planos construídos, e até na contagem do claro-escuro dos vãos…

- Não é o mesmo cenário! – dirão – Até pode ser, mas depois de obras de alteração!  
Olhem que não! Aquilo é a mesma coisa e, a acreditar nas indicações que nos são dadas pelos catálogos, pintadas no mesmo ano. E a hipótese de o terem sido ao mesmo tempo, numa ida ou vinda de ambos de Figueiró dos Vinhos, não seria coisa de estranhar…

Repare-se de novo. Como quem procura “as sete diferenças” nos passatempos do jornal.
Agora, semicerrando a vista, numa visão global…

É a leitura de um Escultor versus o registo de um Paisagista? É uma visão ainda um pouco «Romântica», ou já «Realista», contra uma interpretação «Naturalista», ligeiramente «Impressionista»? Ou é tudo isso ao mesmo tempo, naquilo que se veio a chamar Naturalismo em sentido lato e, definitivamente, depois da aventura do Grupo do Leão (1881-1889)?
Porque durante esse período, sejamos sérios, os novos termos eram usados um pouco indiferentemente pelos mais diversos “críticos” ou “teóricos” – que, contrariamente ao que agora parece a uns tantos, não seriam melhores nem mais bem preparados que os Artistas, talvez antes pelo contrário…

O que torna estes dois quadrinhos (creio que o do Simões também seja de pequenas dimensões) tão interessantes é isso mesmo: a prova provada que o registo naturalista – logo este, o inicial - vai para além da realidade e, para lá do que se diz, interpreta, impressiona e impressiona-se. Reinventa e compõe, em plena liberdade.
Só isso justifica, por exemplo, o sucessivo pairar pelos céus de Figueiró da silhueta do Convento do Carmo que nos aparece em muitos quadros de Malhoa nas situações mais inverosímeis… Ou nunca repararam?!

Ficam as imagens. Dão para muita conversa.





Publicado originalmente em 4 Abr. 2012. LBG



1. Este quadro figurou, sim, na Exposição do Cinquentenário da morte de José Malhoa, IPPC 1983, e no respectivo catálogo sob o nº 8 e o título «Paisagem».
Figura igualmente no livro José Malhoa, Arting 2008, com o título «Vista de Aldeia», mas com a datação manifestamente enganada.


Das Memórias de Figueiró I

A propósito do livro do Dr. Manuel Simões Barreiros




Um recente comentário avulso acerca deste livro, Doze Anos de Administração Municipal (1930-1942) [1], editado logo em Janeiro de 1943 (ou talvez um pouco depois…), fez recordar contas pendentes. Aproveitemos, pois.
É, dizia, um livro fundamental. Que vale a pena ler para se perceber uma boa parte da história de Figueiró dos Vinhos, não só no período referido mas de uns bons anos para trás.
Aviso já que o livrinho abre com a foto do Carmona, frase feita de Salazar e retrato do mesmo “botas”. Muita União Nacional, muito Diário da Manhã, muito “venerando e obrigado”. Mas, se dermos o desconto devido, se nos abstrairmos da senha antidemocrática que, por aqueles anos, atingiu muito boa gente, encontraremos bastantes coisas interessantes.

O Dr. Barreiros, médico municipal desde a sua formatura em 1920, inicia o seu combate político ainda em plena República. À antiga, truculento, “com eles no sítio”, com caciques e caceteiros, ódios pessoais e jornais panfletários. Em 1924, com o seu grande amigo Dr. Martinho Simões, funda A Regeneração, jornal de longuíssima vida e que só vem a terminar já em 1979.
O golpe de Maio de 1926 abre-lhes as portas da Administração Municipal, da Câmara Corporativa e do partido único. A sua acção em prol de Figueiró afigura-se notável, reconheça-se. As suas influências no seio do regime, mais que em proveito pessoal, aplicam-na no desenvolvimento da sua terra.
A leitura do livro revela um homem frontal e dinâmico, bruto e teimoso, mas um «Homem bom».
Considerá-lo um «herói» já será manifesto exagero, e seria tomar partido - para isso é preciso ter várias coisas no sítio.

Vamos então ao livro [2].
Entre entrevistas, relatórios e manifestos, relatos pujantes e alguns exageros - como já não é connosco, agora divertidos - ficamos com uma ideia geral da história figueiroense da segunda e terceira década do séc. XX. Está lá tudo!
E, a não ser que o Dr. Barreiros fosse um grande mentiroso, o que não parece, algumas contradizem histórias mal contadas a que nos foram habituando.


Ficamos a perceber a génese da primeira Comissão Administrativa do Município, logo em 1926. Solução negociada no Governo Civil de Leiria e que dá a presidência ao Dr. Martinho Simões, pelos nacionalistas, tendo como vogais José Manuel Godinho, pelos democráticos, e o Tenente Manata, pelo «terceiro grupo» (o dos independentes?). É este o triunvirato que fica à frente do Município, ainda com Barreiros de fora [p.42…p.51…].
Por volta de 1928, Martinho Simões troca a Câmara por um lugar no Ministério do Interior, e a coisa treme [p.53]. Mas a acção do amigo na elevação de Figueiró a «estância de Turismo» e a consequente nomeação de Barreiros para presidente da Comissão Municipal de Turismo, compensa a ausência [p.56]. Estradas, pontes e jardins surgem sob a égide da nova Comissão, como que em substituição da própria Câmara [p.56, p.59].
Câmara a que, finalmente, Barreiros chega - «em 1930 fomos chamados a intervir na administração municipal, como vice-presidente», diz-nos [p.60].
Curiosamente, em 1942, já depois da morte de Martinho Simões, já com Barreiros na presidência, depois de muitas peripécias, e já com os verdadeiros «inimigos» acoitados dentro da sua União Nacional, serão ainda aqueles antigos republicanos os que o acompanham na gerência do Município – o Tenente Manata na vice-presidência e Godinho como vogal, aos quais se junta o Dr. Denis Ferreira.

Sintomático é o relato que nos deixa das negociações, mediadas por Byssaia Barreto, em 1937, entre as suas hostes e os «antagonistas», ora convertidos e instalados no seio da União Nacional. A détente passa pela manutenção da gente de Barreiros à frente da Câmara, cedendo o controlo do Concelho Municipal e do Partido aos opositores. «Até aqui lutávamos contra um inimigo fora das trincheiras onde nos abrigávamos (…) agora tínhamos de lutar com ele dentro delas» [p.121 a p.123]. De tal modo e logo adiante, denuncia mais um dos planos para o seu assassinato a soldo…
Ficamos a saber das suas simpatias germanófilas, pelo menos a propósito das políticas da saúde [p.110]. Que as juras e loas à «Revolução de Maio», à «Ditadura», ao «Estado Novo» são incontáveis.



Podemos ler episódios deliciosos. Como o do opositor que continuava a usar candeeiros a petróleo depois de já instalada a luz eléctrica, só por esta ser obra da «Ditadura»… [p.171].

Ou dos bons ofícios de Malhoa na democratização (cruzes!), melhor socialização (credo!), dos bancos do «Jardim-Parque» [p.57…]. Tais bancos, aliás, parece que ficaram amaldiçoados – por causa deles, ao que nos dizem, perderam-se eleições….


Percebemos melhor a história dos melhoramentos urbanos. Da construção do Jardim e do Parque [p.56]; da existência, já nos anos vinte, dum tal de «Largo José Malhoa» que é então alindado [p.56]; do andamento das estradas e pontes [p.59, p.96, p.164]; das muitas fontes, do abastecimento de água e do lavadouro da Fonte das Freiras [p.97, p.164]; do posto da Guarda, repartições públicas e agência da CGD [p.164]; etc. etc.


Sobre a ponte da Bairrada (ou da Bouçã) podemos ler: «a estrada de acesso ao Rio Zêzere, ao local onde depois iria acabar de se construir [3] a ponte que liga os dois distritos» [p.59]; «À distância de 7.800 metros da Vila (…) está a ponte da Bairrada, sobre o Zêzere, junto à foz do Rio Bouçã que ali vai desaguar (…) moderna, de três arcos, serve de comunicação entre a Beira Litoral e a Beira Baixa, por uma estrada recém-acabada de construir» [p.35]; «A ponte sobre o Zêzere, nas Bairradas, foi finalmente construída» (Diário da Manhã, 1931) [p.164].

Sobre a luz eléctrica, mau grado notícias de intenção, que não passaram disso mesmo, bem mais antigas, podemos ler: «A Lapa da Moura (…) ali se construiu em 1928 a central hidro-eléctrica que alumia a Vila» [p.36]; «Era, de momento, a maior aspiração a satisfazer, a luz eléctrica para iluminação particular e pública. Era sonho de há anos, que Câmara alguma conseguira efectivar. Pertenceu a esta Comissão [a presidida por Martinho Simões] a honra e glória de iluminar este encantador rincão…» e logo se destaca o importante papel desempenhado pelo Tenente Manata [p.53]. E, mais á frente, ainda se volta ao assunto [p.97].

Entendemos, finalmente, que edifícios da Câmara não foram dois, foram quase três. (E ainda nos livrámos de um outro, mais do respectivo plano, com igreja e tudo, que, graças a Deus!, não fazem cá falta nenhuma…) [p.107, p.160a, p.176ª, p.207].
A história é macaca. O velho Paço Municipal, coitado [4], que na verborreia do Dr. Barreiros «simboliza o desleixo» ante-salazarista, foi reconstruído, aumentado em mais um piso e embelezado. Já com a Câmara e várias repartições públicas instaladas, prontos a serem inaugurados oficialmente, pelo 10ºaniversário do 28 de Maio, os novos Paços do Concelho arderam. A perda foi enorme, principalmente quanto a registos e outra documentação. O que agora lá vemos, é basicamente o mesmo, logo reparado e alvo de ligeiras modificações [p.99, p.106, p.180, p.196]. Em 1942, segundo O Comércio do Porto, já estariam de novo prontos e o hospital em estado adiantado [p.206…].

De tudo, quanto à vida de Figueiró por aqueles anos, ali podemos encontrar. Da Banda ao «Foot-Ball», do Grémio da Lavoura ao Hospital, do mercado do peixe ao que se queira. É procurar…

Por fim, de Agosto de 1941, de um manifesto de «um grupo de amigos» publicado a propósito de mais uma afronta a Barreiros, encontramos isto sobre o Casulo de Malhoa [p.215].
Ora, este simples parágrafo, escrito há setenta anos, contradiz, e muito, uma história mal contada e que atira para as costas largas da SNBA o ónus da pouca-vergonha. [5]

Confesso que é assunto que me penitência. Leitura apressada do testamento de Malhoa e simples dedução lógica, sem outras premissas como a aqui escarrapachada, para tal apontava. Mas, de inocente conversa de café entre amigos, a coisa parece que passou ao livro de Jorge Gaspar [6]. Que agora é fonte, e das formais. Cresceu e multiplicou-se. E corre por aí, acrescentando-se-lhe sempre mais um ponto…
Fica, por enquanto, só isto. A ver se a fonte seca.

Quanto a fontes, em Figueiró e apesar dos avisos camarários, continuarei a beber na de S. Sebastião ou na do Casulo - onde a água é bem melhor.


 

Publicado originalmente em 31 Mar. 2012. LBG.




[1] Pode ser consultado na íntegra em:
http://www.bmfigueirodosvinhos.com.pt/docs/20106.pdf
na utilíssima colecção on-line da Biblioteca José Simões de Almeida Júnior.

 [2] Ficam aqui algumas páginas soltas. Clicando em cada uma deverão poder lê-las em condições. Há sempre a alternativa de aceder à ligação anterior.

 [3] Sobre este assunto, tenho ideia de ter lido algures (e agora não encontro, mas fica a nota) que já desde 1913 (?) lá estariam os «simples da ponte» - “simples” é a estrutura ou armação, geralmente de madeira, que serve de molde ou apoio para a construção dos arcos ou abóbadas de pedra. A expressão usada, «acabar de se construir», parece confirmar isso mesmo – a obra já estaria lançada e à espera, havia anos…

 [4] Os antigos Paços do Concelho - com a dignidade possível, pelo que se vê na foto - teriam sido obra do Dr. Manuel de Vasconcellos, em 1874. Isto segundo conta António A. Lopes Serra no seu artigo no álbum - Figueiró dos Vinhos Estância de Turismo - 2ª edição,1938, p.24.
http://www.bmfigueirodosvinhos.com.pt/docs/20943.pdf

 [5] Veja-se, ainda e a tal propósito, a entrevista do Dr. Henrique publicada em - Figueiró dos Vinhos e o seu concelho - Concelhos de Portugal, 1968, p.11, onde, qual donzela ofendida, mas refletindo alguma da opinião corrente, afirmava: «… Se bem que o Mestre aqui tivesse vivido e se tivesse inspirado na nossa luxuriante paisagem e nos nossos tipos humanos e costumes para criar as suas maravilhosas telas, ele esqueceu-se lamentavelmente da terra que o recebeu e lhe forneceu a matéria prima para os seu melhores quadros. O seu atelier, o seu “Casulo”, que seria o local próprio para o efeito, se ele assim o tivesse querido, pertence hoje a um particular, que o comprou em haste pública.»
http://www.bmfigueirodosvinhos.com.pt/docs/figueiro_dos_vinhos1968.pdf
Se, trinta e poucos anos depois, o Dr. Henrique se fazia esquecido, agora, setenta e tal anos depois, posso eu bem relembrar…

 [6] Refiro-me a: Gaspar, Jorge e outros - Monografia do Concelho de Figueiró dos Vinhos – CMFV, 2004. Consultável em:


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Da venda a retalho

Duas telas de José António e de Pedro Jorge Pinto



Sem muitas considerações, que as imagens valem por elas mesmas, ficam aqui duas telas, em duas versões, uma de José António Jorge Pinto, outra de Pedro Jorge Pinto.

As primeiras versões foram retiradas do catálogo 102 da Cabral Moncada Leilões, de Dezembro de 2008. As segundas, mais fresquinhas, são do catálogo 57 da Renascimento, para o leilão de Abril.


Há três anos e pouco, ambas as telas, ainda inteiras, eram-nos dadas como da autoria de Pedro Jorge Pinto.



Intituladas então “Paisagem com Touro ”e “Burro puxando Nora”, apresentavam-se como datadas de 1934 e 1930, e dimensionadas com 55x92 e 62x76, respectivamente. Na primeira era reportado um «pequeno rasgão».

Hoje, após um, digamos, ligeiro restauro, originado sabe-se lá porquê, aparecem já diferenciadas na autoria – Pinto, 1895, para o “Bovino Pastando”, ost (colado em madeira) 39,5x69; e Pedro Jorge Pinto, 1930, para a “Nora com Mula”, ost (idem) 35x78.
Constata-se assim, para lá do burro se ter elevado, ainda não a cavalo, mas a muar, que a superfície de ambas as telas diminuiu consideravelmente e novos enquadramentos dos motivos, ligeiramente diferentes dos concebidos pelos Autores, nos deleitam.

Mas, e valha-nos isso, já alguém percebeu que o bovino, capado ou não, terá sido pintado por outras mãos e bem mais cedo que o anteriormente referido.

Para não asnear, nesta conversa de solípedes, faço-me de mula e nada mais digo. Nem sobre a excelência das peritagens, nem sobre a arte do corte e tesoura ou de bem retalhar toda a tela.

Ficam as imagens e cada qual tire as conclusões que entender.

Devo, todavia, esclarecer, e à causa de mais confusões, que o «Pinto», o do boi, será, sem sombra de dúvida, o pai do Pedro – José António Jorge Pinto - como, aliás, sempre me pareceu, mas que o peremptório «assinado e datado de 1934» anterior, tornava menos provável…


José António Jorge Pinto (1875-1945), lisboeta de nascimento, cacilhense de origem como seu tio Manuel Henrique Pinto. Foi discípulo de Ferreira Chaves e Veloso Salgado. Começa por se apresentar na 7ª Exposição do Grémio Artístico, 1897, com três quadros a óleo. No ano seguinte repete a experiência com mais alguns óleos e um desenho – é-lhe atribuída uma menção honrosa. Mas logo se dedica preferencialmente à cerâmica, primeiro na fábrica Constância, depois na de Campolide. Expõe com irregularidade na SNBA, onde conquista algumas medalhas. Republicano e Maçon, participa no associativismo operário de cariz republicano. Professor do ensino industrial, fez parte do quadro inicial do Instituto Superior Técnico.
São de sua autoria numerosos painéis de azulejo de inegável interesse.
Em Lisboa, podem ser vistos os da Leitaria A Camponeza (1908), simpático bistrot na Rua dos Sapateiros; os de alguns quiosques (c.1915/6) no Cais do Sodré, no Jardim Constantino ou no Parque Silva Porto, em Benfica; parte dos painéis que ornamentam o degradado Pavilhão dos Desportos – Carlos Lopes – ao Parque Eduardo VII (c.1922) - a outra parte, a sempre citada, é de Jorge Colaço.
Podemos ainda admirar azulejos seus no Sanatório da Parede (c.1903/8), em várias moradias da Linha e ainda na estação da CP do Bombarral (c.1930). Na Casa Cruz Magalhães (1914) - actual Museu Rafael Bordalo Pinheiro – e na Casa Malhoa [1].
E não se podem ignorar dois importantes trabalhos, também raramente citados: os painéis para a Casa dos Patudos (1905), a de José Relvas, em Alpiarça (alguns pode ver aqui) , e para o Palácio da Brejoeira (c.1909), em Monção – esse mesmo.[2]



Pedro Jorge Pinto (1900-1983), filho do precedente, discípulo de Columbano e Veloso Salgado, participa já nas exposições da SNBA, não só com pintura a óleo, mas também com aguarela, desenho e gravura. Várias vezes galardoado pela SNBA – 1ªs medalhas em aguarela e desenho, 2ª medalha em pintura -, conquista a medalha de ouro na Exposição Internacional do Rio de Janeiro, em 1922. Professor do ensino industrial, foi durante longos anos docente na Escola António Arroio.
Também dedicado à cerâmica, são de sua autoria numerosos painéis de azulejos, desde os que ornavam o muro do Mercado de Setúbal, recentemente derrocado, até ao imponente painel cerâmico da Cervejaria Solmar, às Portas de Stº. Antão, bem anos 50's e que vale bem uma visita.[3]


E, nestas coisas, convém saber distinguir o alvarinho da imperial… e não emborcar a primeira zurrapa que se nos oferece.




Publicado originalmente em 21 Mar. 2012.
Revisto em 25 Abr. 2012. LBG.


[1]. Ver nota em aqui
[2]. Agradeço o contributo pessoal e a tese do Arq. António Cota para a revisão da biografia de José Antº Jorge Pinto.
[3]. Na nota biografica de Pedro Jorge Pinto seguiu-se, no essencial, Fernando de Pamplona - Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses, Civilização, 2000.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Das bodas do José e da Júlia…



Hoje, 29 de Janeiro, fariam anos de casados José e Júlia Malhoa.




Para comemorar as Bodas de Prata de tal data, ofereceram-se este par de argolas de guardanapo no mesmo metal. Uma com a data do enlace «1880», a outra com 25 anos mais «1905». Era a altura da “Arte-Nova”, e as argolas acompanham o estilo.

(Cinco anos mais tarde, Manuel H. Pinto e Mª da Conceição repetirão entre si a graça, com argolas semelhantes e datas ajustadas – 1885 e 1910)

Mais que as argolas, convém não esquecer, José e Júlia presenteiam-se, nesse ano de 1905, com casa nova, nas Avenidas também Novas, projectada pelo novo Arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior, logo premiada com o novo Prémio Valmor (será a terceira a receber tal prémio - não atribuído no ano anterior, para desespero do Lambertini, e apesar dos tectos e frescos do Malhoa…).

Ei-la, acabadinha de fazer, toda airosa, na Avenida António Maria do Avelar, ainda, e ainda sem carros.


E, como as argolas, também à “la page” - “Arte-Nova”, pois então!
Tal como os frisos e painéis azulejares que a embelezam. Eloy, dizem [1], Malhoa e Ramalho.

Do António Ramalho Júnior, a tela a óleo de A Glória, também “Arte-Nova” chapada, assim e do avesso reproduzida nos painéis de azulejo que ladeiam o grande janelão do atelier. Fica para assinalar a data.

 (Hoje, tal edifício é a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, e vale sempre uma visita...)






Sobre o casamento propriamente, foi pelas oito da manhã do dia 29 de Janeiro de 1880, na Igreja do Sacramento, ali ao Chiado.

Malhoa devia estar, mais ou menos, assim.

E pronto!







Para mau gosto, já basta uma versão do assento do acto que por aí anda, e em duplicado ainda por cima!
Metade é aldrabado - copiado mal-e-porcamente. Alguém pensou que tinha descoberto segredinho novo, salivou, arreganhou a boca, mordeu a língua, turvou-se-lhe a vista - tresleu - e com a sofreguidão comeu metade das palavras. O resultado é lastimável. E não havia necessidade…
(Eu bem que avisei, aqui atrasado…Agora, queixem-se que tenho mau feitio!)
Assim, onde e quando lerem que Malhoa, por essa altura, «mora na Rua da Conceição» fiquem sabendo que deveriam ler «… na Rua do Crucifixo, nº 50, freguesia da Conceição». O endereço, como outras coisas, foi tragado com a avidez da gula!
Esta era, aliás, a mesmíssima morada do “mano” Joaquim. Na esquina com S. Nicolau, mais pertinho da loja dos chapéus e das escadinhas de S. Francisco por onde subia até à Academia.
Mas a nova asneirola já rola, ufana, resultado da ânsia coscuvilheira.

E siga a marinha!




Publicado originalmente em 29 Jan.2012. LBG.



 [1] Sobre este assunto, ver a interessante tese do Arq. António Cota Fevereiro, Álvaro Augusto Machado, José António Jorge Pinto e o movimento arte nova em Portugal, ULL, Maio 2011. Ali se percebe a diferença entre as pinturas originais a fresco atribuídas a Eloy e os azulejos que as substituíram (c. 1914?), muito provavelmente, da autoria de José António Jorge Pinto. Repetindo os motivos de Malhoa e Ramalho nos painéis principais, mas alterando o desenho nos frisos decorativos. A comparação entre fotos de 1905/6 e outras mais tardias parece prová-lo claramente.


Outono, 1918



Outono, 1918, no acervo do MNAC-Museu do Chiado, é um dos quadros de Malhoa que mais gosto. Já muito foi escrito sobre ele e não vale, por agora, adiantar muito mais. Mas umas quantas notas ainda valem a pena.

Li há tempos, e com toda a satisfação, na entrada que Maria de Aires Silveira escreve sobre Outono, 1918, no novo catálogo do MNAC – Arte Portuguesa do Século XIX (1850-1910) - 2010, a indicação da Exposição realizada no início de 1918, como a de apresentação daquela obra de Malhoa. Finalmente! Finalmente alguém percebe que a treta do quadro só ver a luz do dia em 1921 não passa disso mesmo – uma treta!
(Finalmente, não - justiça seja feita - que já no anterior catálogo, o de 1994, MAS havia tido o cuidado de escrever o mesmo. Eu, confesso, não havia dado por isso. E, pelo visto, quase toda a gente - que a parvoíce continua…)
Mas, se MAS, e muito bem, indica 1918 como o ano da primeira exposição de Outono, 1918, continua a lá deixar a malfadada exposição de 1921!? Que se passa, não quer contrariar o "estabelecido"? Eu ajudo.

Vamos lá ver: Malhoa leva o Outono, 1918 – o que está no MNAC, não haja qualquer dúvida - à Exposição dos “Consagrados” da SNBA, de 1918, pedindo por ele 800$00. Vende-o para o Museu, coisa que anota no catálogo. É comprado com o dinheiro do Legado Valmor. Malhoa fica todo contente, e a história está contada, tal como Malhoa a conta em carta de 29.2.1918, por Matilde Tomaz do Couto no Catálogo Malhoa e Bordalo, Caldas 2005, p.25. «…ver adquirido para o Museu d’arte moderna, o meu quadro das cerejeiras no outono… pela Comissão das Compras para o Museu, que é d’uma exigencia medonha!»
(Um pouco atrás, MTC dá-nos, inclusive, conta de que essa Exposição é organizada sob a direcção do próprio Malhoa, então presidente da SNBA, e das consequências do cansaço que tal lhe provocou – mas o melhor é irem lá ver, que tal Catálogo é, a todos os títulos, muito recomendável.)

E, fica bem claro, neste Outono o que vemos são as cerejeiras da quinta da Fontinha em Figueiró e não, por muito que a vários custe, plátanos, choupos ou castanheiros, de Chão de Couce ou de Raio-que-os-parta…

Três anos depois, na SNBA de 1921, Malhoa apresenta, de facto, um (outro) Outono, pelo qual pede 250$00. Alguém pode achar que estamos perante o mesmo quadro?
Obviamente que não!
Ninguém, em seu perfeito juízo, pode conceber que um quadro, comprado para o Museu d'Arte Contemporânea por 800$00 – uma bela quantia à época – e que no seu acervo está há três anos, de lá saia para ser posto à venda por 250$00, em 1921. E que, de novo, volte ao Museu. Ou pode?!
Do mesmo modo que a sucessão das estações nos dá um novo Outono cada ano, Malhoa terá pintado vários Outono(s), Vinha(s) no Outono e por aí fora… Estamos, claramente, perante quadros distintos.

É pois altura de se acabar de vez com o equívoco!

Equívoco que vem de trás. Originado, por um lado, por nas várias listagens de obras e exposições de Malhoa, até hoje publicadas, nunca aparecer assinalada a referida Exposição dos “Consagrados” do início 1918 e as 21 obras ali mostradas – algumas, como é o caso, pela primeira vez.

Por outro lado, por uma outra treta, felizmente já em desuso, e que leva, inclusive, a que nalgumas publicações esta obra apareça “convenientemente” datada como de 1919 – isto apesar de claramente assinada: «José Malhoa, 1918». Tal treta procura, à viva força, relacionar dramaticamente este Outono, 1918, com a morte de Júlia Malhoa [1], situando-o ora como prenúncio desta, ora como a primeira obra realizada após o período de nojo. Como entre o Outono do ano de 1917 - a última estação da queda da folha em que o quadro pode ter sido pintado - e o dia 2 de Janeiro de 1919 – pese a alguns, a data da morte de Júlia - medeia mais de um ano e muitos outros quadros pintados…Também, por este lado, estamos conversados.

Como conversados ficamos no que toca a trazer para este assunto uma croniqueta obscura de 1921. Francamente!? Interessa-me cá bem, quanto a este «excepcional» Outono, 1918, o que alguém escreveu sobre um outro Outono qualquer de que não reza a história!? Eu estou a olhar para alhos, o outro fala-me de bugalhos! Ora bolas! «Mestre Malhoa está muito longe nesta exposição» - pois está! Nisto, pelo menos uns três anos… e, depois da crónica despropositada, mais uns quatro sem expor na Sociedade… Às vezes, tamanha “erudição”, se não fosse triste, era ridícula. Adiante.

Porque hoje estou bonzinho, fica o Catálogo [2] da dita Exposição dos “Consagrados” da SNBA, em Janeiro de 1918. E não digam que o levam daquí... 


Publicado originalmente em Jan. 2012. LBG.


[1] …E, nesta conversa, quando não é o Outono, lá vem o Remédio…não tem remédio!
[2] Para uma melhor leitura das folhas do Catálogo, clicar sobre as imagens.



...E para que os "columbófilos" não fiquem roídinhos, azedos como costume, fica também a pagela d' «o maior».
Não tem que agradecer. É com todo o gosto. Preços? é ver lá acima.

Fica também A Raposa, 1903, uma das telas que Columbano reexpôs dessa vez. Sem meiguice no que pedia, e apesar de já ter a estola na naftalina há dezena e meia de anos. Ele é que a sabia!


Esta A Raposa sempre me fascinou, desde que a vi reproduzida, ainda a preto e branco. A gente olha e hesita entre “focinho” e olhar - qual mais vulpino? o da zorra, ou o da dona que nela se aconchega?


Hoje, chamam-lhe outro nome qualquer, está no Museu Grão Vasco, mede 40x32, e recomenda-se.




Publicado originalmente em Jan.2012. LBG