JMalhoa, A Provocante, 1914,
ost, 80x70 MNAC, em depósito no MAB
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Vistas
já algumas das estórias relacionadas com A
Provocante, 1914, resta-nos olhar melhor para a tela e respectiva protagonista.
Fica,
em foto da época, a sépia, já com alguns problemas na zona do queixo, mas sem a
espécie de penso-rápido que aparece sobre o seio esquerdo na foto a cores da
matriznet…
E pode ver aqui A Provocante, 1914 (como "Provocando")
(parece que o link já não funciona, fica uma imagem)
(parece que o link já não funciona, fica uma imagem)
JMalhoa, Descanso do Modelo, c.1913,
osm, 50x40. Foto Pedro Aboim Borges
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E
mais uma série de desenhinhos a lápis, datados de 1911 e 1913, estudos que,
tudo indica, têm a ver com estas duas obras de Malhoa.
Olhando
com olhos de ver, poucas dúvidas restarão que a jovem mulher é a mesma. E que
ambos os quadros terão sido pintados pela mesma altura…
Os apontamentos a lápis, com
diferenças de quase dois anos mas no mesmo caderninho, reforçam claramente tal
ideia.
Tal
contraria recentes conclusões que, partindo de uma cartinha de Malhoa a Augusto
Gama, datada de Nov. de 1918, colocam este Descanso
do Modelo, sem mais aquelas, por tal data.
Na
missiva, escreve Malhoa: «Estou a pintar figura, tendo por fundo as janelas do
atelier illuminadas pelo sol, e cheio de sardinheiras que é um encanto: amanhã
vou começar um nu de mulher, aproveitando essa luz e esses reflexos, que na
carne deve ser obra!»
Encarnando
a D. Isabel Semedo - talvez a pessoa que mais tempo habitou o Casulo de Malhoa, ensinando a ler
sucessivas gerações de figueiroenses - que disse Malhoa?
- Que pintou figura,
sobre um fundo muito bonito, formado pelas janelas do atelier iluminadas pelo
sol e cheio de sardinheiras. E que no dia seguinte fazia tenção de pintar um nu
feminino, sob condições luminosas semelhantes…
Disse que o fez? Que o sol
brilhou de igual modo no dia posterior? E, se tal acabou por fazer, que o
quadro é este? Não, nada disso…
Em o Descanso do Modelo, por certo pintado no atelier da Av. Antº Mª do
Avelar, temos como fundo uma tela engradada, uma das cadeiras de sola que estão
hoje nas Caldas, com uma guitarra em cima, uma outra D. João V (ou D. José) e
que também ainda existe, uma moldura dourada e um jarrão de flores, mas que nada
têm a ver com sardinheiras…
Falamos
da mesma coisa? Até podíamos… mas entre a nuvem e Juno…
E
a mulher? Olhemos para a mulher! – afinal, o mais importante. É ou não é a
mesma?!
Tá
tudo parvo?! A esta, a D. Isabel Semedo puxava da palmatória!
Não
está bem de ver que este O Ateliê do
Artista é o Descanso, c.1894,
exposto na 4ª do Grémio? O irmão gémeo do Antes
da Sessão / Descanso do Modelo,
1894, também exposto na mesma altura, prova para Académico de Mérito, hoje no MJM?
O
mesmo cortinado verde, o mesmo atelier – o velho, o da Academia de Belas Artes -
e, principalmente, o mesmo modelo! – basta olhar-lhe para as nádegas,
independentemente do grau de concupiscência…
Olhe-se para ele aqui, em foto da época, de J. Francisco Camacho (e não é
novidade nenhuma, está no site do IMC... é só ir à procura.)
É o que dá terem-no limpo... –
num ápice, o Ateliê
“aluministou-se”. E rejuvenesceu vinte anos!?
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